(continuação de Sonhos Cruzados – partes I, II, III e IV)
Acordou pouco depois da hora habitual a que acordava durante a semana.
Procurou recordar o sonho da noite para ver se a carta que tinha enviado à morena tinha chegado intacta ao seu destinatário, e para ver se esta lhe tinha enviado alguma resposta…
Apercebeu-se da inutilidade dos seus esforços do dia anterior, mas foi com bastante entusiasmo que recordou o exacto número de unhas que a morena de cabelo comprido e olhos castanhos pintara de vermelho bem vivo.
Sentiu-se bastante satisfeita com o facto de terem encontrado uma forma de comunicar, mas haveria tempo para voltar a pensar no assunto durante a tarde, por isso voltou a fechar os olhos na tentativa de aproveitar a manhã de sábado para se recompor do cansaço acumulado ao longo da semana.
Acordou pouco depois da hora habitual a que acordava durante a semana.
Procurou recordar o sonho da noite para ver se tinha havido alguma evolução… mas desta vez o sonho fora estranhamente curto… apenas um acordar para voltar a adormecer numa manhã de sábado… optou por não pensar muito no assunto e resolveu, seguindo o exemplo da loira, fechar os olhos na tentativa de aproveitar a manhã de sábado para se recompor do cansaço acumulado ao longo da semana.
Acordou com o toque da campainha da porta. Os sucessivos toques das campainhas dos apartamentos vizinhos permitiram-lhe deduzir tratar-se de alguém a distribuir publicidade…
Acordou com o toque da campainha da porta. Os sucessivos toques das campainhas dos apartamentos vizinhos permitiram-lhe deduzir tratar-se de alguém a distribuir publicidade…
Não tinha de se incomodar, algum dos seus vizinhos ou vizinhas abriria a porta, mas sentia-se estranha, por isso levantou-se e dirigiu-se à casa de banho de olhos meio fechados…
Não tinha de se incomodar, algum dos seus vizinhos ou vizinhas abriria a porta, mas sentia-se estranha, por isso levantou-se e dirigiu-se à casa de banho de olhos meio fechados…
Sentiu-se perdida no quarto e foi com alguma dificuldade que acabou por dar com a porta da casa de banho. Sentia-se cada vez mais estranha…
Sentiu-se perdida no quarto e foi com alguma dificuldade que acabou por dar com a porta da casa de banho. Sentia-se cada vez mais estranha…
Levou as mãos à cara e depois ao cabelo… de repente sentiu o seu mundo desabar…
Levou as mãos à cara e depois ao cabelo… de repente sentiu o seu mundo desabar…
Numa súbita urgência de negar com os olhos a afirmação transmitida pelo tacto, correu a mão pela parede pelo lado de fora da porta da casa de banho até encontrar o interruptor…
Numa súbita urgência de negar com os olhos a afirmação transmitida pelo tacto, correu a mão pela parede pelo lado de fora da porta da casa de banho até encontrar o interruptor…
Com a mão a proteger os olhos da súbita luminosidade olhou-se ao espelho e deixou escapar um grito de horror…
Com a mão a proteger os olhos da súbita luminosidade olhou-se ao espelho e deixou escapar um grito de horror…
Do lado de lá olhavam-na uns olhos castanhos plantados numa cara morena de cabelo escuro comprido, emaranhado pela almofada…
Do lado de lá olhavam-na uns olhos azuis plantados numa cara branca de cabelo loiro e curto, levemente desalinhado pela almofada…
Puxou o cabelo para a frente dos olhos para ter a certeza de que não estava a ser enganada pelo espelho… mas não, lá estava o cabelo comprido e escuro…
Agarrou nuns quantos cabelos e arrancou-os para os poder olhar directamente e ter a certeza de que não estava a ser enganada pelo espelho… mas não, eram bem loiros aqueles cabelos entre os seus dedos, como era viva a dor de onde acabara de os arrancar…
Incrédula, recuou até à porta da casa de banho e deteve-se um pouco a olhar à sua volta.
Incrédula, recuou até à porta da casa de banho e deteve-se um pouco a olhar à sua volta.
Virou-se para o quarto, vagamente iluminado pela luz atrás de si e, de novo, olhou à volta.
Virou-se para o quarto, vagamente iluminado pela luz atrás de si e, de novo, olhou à volta.
Saiu apressadamente do quarto e percorreu a casa toda olhando vagamente em todas as direcções…
Saiu apressadamente do quarto e percorreu a casa toda olhando vagamente em todas as direcções…
Não havia dúvida, estava na casa da morena!…
Não havia dúvida, estava na casa da loira!…
Encostada numa parede deixou-se deslizar até ficar sentada no chão.
Encostada numa parede deixou-se deslizar até ficar sentada no chão.
Tentou recordar-se do seu nome… mas por mais que tentasse só conseguia lembrar-se do nome da morena…
Tentou recordar-se do seu nome… mas por mais que tentasse só conseguia lembrar-se do nome da loira…
Não havia dúvida, estava no corpo da morena… no mundo da morena... e com as memórias da morena!...
Não havia dúvida, estava no corpo da loira… no mundo da loira... e com as memórias da loira!...
***
Não voltou a saber da loira de cabelo curto e olhos azuis, nem mesmo em sonhos.
Não voltou a saber da morena de cabelo comprido e olhos castanhos, nem mesmo em sonhos.
FIM